terça-feira, 1 de dezembro de 2009

Conto - primeira parte

Um brinquedo divertido. Todos queriam ficar com ela, porque ela tinha charme e personalidade. Mas o ser humano como é cruel, esquecia que, embora ela fosse uma prostituta de luxo, ela tinha um coração. Um dia ela foi como todas as outras moças, sonhou em constituir uma família, porém por descasos da vida, entregou-se ao sexo e à decepção. Passou a ser usada e usar. Que ficassem com ela então, pensava. Ela iria ganhar dinheiro ou desfrutar dos rapazotes inexperientes que tanto a desejavam. Entrou no jogo. Mesmo assim, Madalena – nome verdadeiro – acreditava que algum dia iria encontrar o anjo que ela sentiu que viria salva-la daquele lugar e daquelas pessoas asquerosas como julgava Letícia – nome falso. Era inevitável Letícia passar despercebida. Seu olhar transmitia uma segurança e calma que parecia ter pleno sentido de sua vida. Todos a cobiçavam, mas nas noites tristonhas ou madrugadas, ela rezava. Incrivelmente, ela rezava. Não queria aquela vida para ela, mas era a única que tinha no momento. Muitos clientes que ela se relacionou ela chegou ter esperança de que a tirariam de lá. E muitas vezes foi com tremenda surpresa quem diziam que não podiam, pois ela era uma prostituta e já beirando os 30 anos. Ninguém gostaria de ter filhos com ela, chegou um mancebo ( recém descabeçado) a falar-lhe. E ela , com toda a sua tempestuosidade, disse-lhe que não queria filho, para ela isso era uma idiotice de uma sociedade hipócrita que nem amar os filhos amavam, mas os tinham para não deixar os bens e não  por amor. Mera informalidade. O rapaz ficou perplexo. Ouvir isso de uma prostituta. No mesmo instante diferiu-lhe um bofete. E ela orgulhosa, solicitou que batesse novamente, porque ela estava acostumada apanhar de porcos. O rapaz irritado retirou-se. Letícia , então, começou a chorar. Como sempre fazia nas madrugadas quando se banhava. Ela era triste, sim.
 Sua alma foi muito marcada e machucada, desde o momento que se apaixonou por um amigo. Não se apaixonou , na verdade, amou. Eles chegaram a ser grandes amigos. E esse foi o erro dela. Ela não o contou que era prostituta, uma vez que ,ainda que fosse meretriz, ela lia muito. E as conversas no shopping, nos parques e nas danceterias eram mais que alegres. Eram a felicidade. E com o passar do tempo, ela se apaixonou , mas sabia que não podia ama-lo, já que ele pertencia à elite. E ela era um prostiuta de luxo, mas a sua origem ela não podia esquecer. Uma favelada.
Ela nunca esqueceria a viagem em que os dois fizeram rumo à Praia da Solidão. Ele quis demonstra a ela que sabia surfar, pois quando era adolescente chegou quase a ganhar um prêmio. E ela sentada na areia deslumbrava o seu príncipe ( príncipe pra ela, pois não tinha coragem de dizer que o amava). Deslizando pelo mar...  Depois de várias demonstrações, ele saiu do mar e pergunta a ela se não tinha vontade de aprender, ela respondeu que seria incapaz de fazer inúmeras acrobacias. Era deveras medrosa. Ele somente riu. Disse a ela que o esperasse ali, por largaria a prancha e queria contemplar o final do entardecer. Letícia simplesmente pensava na vida. O quanto estava feliz por amar ou descobrir o que era amar. Não havia explicações, ainda que ela tivesse estudado e lido muito sobre o amor, ele realmente não tinha explicação. Era como explicar a gênesis. Alguém a tocou no ombro, assustadoramente ela se virou, entretanto era ele. Somente riu. Ele ofereceu-lhe algo. Perguntou o que era. Era maconha. Ela disse que não fumava. Ele achou estranho, mas para ela não era, fumava cigarro somente por uma interpretação. E ela já estava fatigada das cenas. Agora que descobrira o amor queria senti-lo. Ele insistiu. Recusou-se novamente. Mas ele era insistente. Isso a irritou tanto que se levantou. Ele correu atrás dela e ela falou que não havia gostado da brincadeira e que estava decepcionada, pois ele havia dito a ela que parara de usar drogas. Ele ficou supreendido quando olhou os olhos dela, ou melhor, o olhar dela. Não era amizade que via ali, era algo novo para ele. Assustou-se e parou de olha-la. Jogou o cigarro de maconha longe e a acompanhou. Em casa, enquanto um temperava o peixe o outro fazia as saladas, conversavam sobre animosidades  e riam muito, ela principalmente. Tiago fazia umas caretas que a encantavam, tinha um jeito sedutor ao falar, ao mesmo tempo que era rico, sua alma era doce. Resolveram beber um vinho. E a bebida foi fazendo efeito.

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